A Constituição Portuguesa faz 40 anos. Para uma
pessoa, 40 anos seria uma boa idade: não se é velho, mas também não se é
imaturo... Mas para um texto constitucional, 40 anos não tem o mesmo
significado do que para a vida humana. Eleitos a 25 de Abril
de 1975, nas primeiras eleições livres e democráticas e que tiveram uma
participação de 91,7% dos portugueses com direito a voto, os 250 deputados de
seis forças políticas reuniram-se pela primeira vez a 2 de junho, na primeira
sessão de trabalho da Assembleia Constituinte, presidida pelo então Presidente
da República, Costa Gomes. A "missão" foi desempenhada pela
Assembleia ao longo de 10 meses, com sessões. Cada grupo parlamentar tinha um
presidente, o PS com António Lopes Cardoso, substituído por José Luís Nunes
quando integrou o VI Governo provisório, Carlos Mota Pinto chefiava a bancada
do PPD, Carlos Brito a do PCP, Sá Machado a do CDS e José Tengarrinha o grupo
do MDP-CDE. Entre os deputados da Constituinte, alguns ainda hoje estão na
política ativa, como o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e o agora
deputado do PSD João Bosco Mota Amaral, que já desempenhou também os cargos de
presidente da Assembleia da República e do Governo Regional dos Açores. O
antigo Presidente da República e nosso camarada Mário Soares, o comentador e
ex-líder do PSD e actual Presidente da Republica Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, o
socialista Manuel Alegre, o constitucionalista Jorge Miranda, o ex-presidente
da Assembleia da República Barbosa de Melo e o 'fundador' do Serviço Nacional
de Saúde António Arnaut foram outros dos 311 deputados que chegaram a exercer o
seu mandato. Pois, apesar da Assembleia Constituinte ter apenas 250
parlamentares, diversas substituições realizadas ao longo dos seus 10 meses de
funcionamento permitiram o exercício do mandato de mais de três centenas de
parlamentares. Entre os eleitos estavam apenas 27 mulheres, como Sophia de
Mello Breyer e Helena Roseta. Enquanto fora das paredes do palácio de São Bento
se vivia o "Verão quente", com manifestações um pouco por todo o
lado, no último dia de julho, no hemiciclo, começou o debate e votações na
generalidade e especialidade sobre o articulado constitucional. Cinco meses
depois, a 2 de abril, o articulado da nova Constituição, com 312 artigos, era
finalmente levado a votação final global com o CDS isolado no voto contra,
deputados de pé a aplaudirem e a cantarem o hino nacional. Com vivas à
Constituição e a Portugal terminavam os trabalhos de elaboração da nova Lei
Fundamental, que entraria em vigor a 25 de Abril de 1976.
Márcio Martins
Márcio Martins
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