A
Guerra da Coreia teve início em 25 de Junho de 1950, tendo terminado 3 anos
depois, em 27 de Julho de 1953. Foi o primeiro conflito pós 2ª Grande Guerra,
sendo que os EUA, potência que apoiava a Coreia do Sul (capitalista), e a URSS,
apoiante da Coreia do Norte (regime totalitário comunista), tiveram um
confronto indirecto ao qual se veio a juntar o apoio massivo do regime maoista
chinês.
Foi
uma das guerras mais violentas desse período. As mortes estão estimadas em 4,5
milhões de pessoas, (mais umas centenas de milhares presas nos campos de
concentração norte-coreanos, em condições desumanas), tendo o resultado se
traduzido num empate, sem vencedores quer a Sul quer a Norte. Em 1953, o Tratado de Pan-munjom encerrou a desgastante Guerra da Coreia
e restaurou os limites territoriais do paralelo 38 (que tinham sido delimitados
após a libertação da Coreia do dominio japonês). Os EUA libertaram a parte sul e
os soviéticos a parte norte, daí terem sido criadas duas Coreias, uma
capitalista e outra comunista. Após o término deste conflito bélico, o regime
Sul Coreano conseguiu criar com o apoio dos EUA uma das mais dinâmicas economias
capitalistas do planeta , enquanto que o regime totalitário norte-coreano, direccionou
grande parte dos seus recursos para fins bélicos.
O regime norte-coreano é tido como um dos regimes mais fechados e totalitários do mundo, estando
vigente um sistema unipartidário governado pelo Partido dos Trabalhadores da
Coreia do Norte. Este adoptou uma
ideologia que se chama Juche desenvolvida pelo seu líder Kim Il Sung, que é
designada pelos Ocidentais como marxismo-leninismo-kimolsonguismo. Esta
ideologia tem sido promovida na politica e na educação através de acções como o
culto da personalidade e forte investimento no dispositivo militar.
Após o fim da Guerra Fria, a Coreia do Norte deixou de poder contar com
o apoio soviétivo, o que levou ao colapso da débil economia norte-coreana e se reflectiu durante a grande fome que
varreu o país nos anos 90, ao ponto de carência alimentar que levou a práticas de canibalismo no país e
à morte de 3 milhões de pessoas. Contudo, contra todas as expectativas e
teorias, o regime norte-coreano conseguiu sobreviver ao fim da guerra fria, à
fome e ao colapso.
O país é também conhecido por manter activos diversos campos de
concentração. Ouvem-se relatos arrepiantes e macabros sobre as condições e o
tratamentos dos prisioneiros desde violações, torturas , infanticídio ,
execuções em massa, episódios de escravatura e uso de pessoas como cobaias para
armas químicas. São cerca de 200 000 os prisioneiros que viveram nos campos de
concentração até aos anos 90. Depois, devido a pressões internacionais, acabaram
por fechar quatro dos dez que existiam anteriormente.
Convém referir que a rivalidade entre os dois territórios ainda subsiste.
A Coreia do Norte desde o fim da Guerra
da Coreia tentou diversas vezes assassinar líderes politicos sul- coreanos
através de atentados ou da infiltração de comandos em território sul-coreano. Todas
estas tentativas foram fracassadas e levaram a uma enorme tensão entre os dois
países. Desde então a Coreia do Norte tem mantido uma estratégia agressiva( que
continuou após Kim Il Sung ter falecido e o seu filho Kim Jong Il lhe ter
sucedido), de modo a poder autosustentar-se. Faz ameaças e até ataques
provocadores ( alguns deles mortais) à Coreia do Sul, provocando calafrios e
fazendo tremer toda a região com o medo de um conflito em larga escala. De modo
a evitá-la, a Coreia do Sul fornece, em conjunto com os EUA, toneladas de
alimentos, cobertores e combustível à Coreia do Norte.
A questão fundamental da Coreia
do Norte não é se o regime irá cair , mas sim , quando e como irá colapsar e
quais as consequências disso. O colpaso do regime norte-coreano não siginifca o
colpso da Coreia do Norte mas de certo irá abrir caminho para uma possível unificação
entre as duas Coreias.
Coloca-se agora a questão da sucessão norte-coreana. Após a morte de Kim
Jong Il, a Coreia do Norte testou dois misseis e pôs o país em alerta máximo
com o exército de prevenção. Uma acção preventiva perante a clara demonstração
de força do novo líder. Como será a politica do sucessor de Kim Jong Il, Kim
Jong Un? Num país onde as forças armadas exercem uma influência tremenda, conseguirá
ele suster o regime? Aproximar-se-á da China ou mais do Ocidente? Continuará o
desenvolvimento de armamento nuclear e manterá ameaças à Coreia do Sul? Veremos
o que nos reserva a nova liderança.
Miguel Máximo