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domingo, 4 de dezembro de 2011

Liberdade para o Saara Ocidental



Num contexto de dificuldade económica e temor pelo que o futuro nos reserva, qual Adamastor defronte de nós, eu arrisco em fazer das minhas palavras uma bússola para a caravela da portugalidade. Com efeito, enquanto vislumbramos comentadores e imprensa a ultrajar todo o património português em nome do nosso passado financeiro, eu relembro uma característica que autentifica o nosso país: a solidariedade. Aquela capacidade de ver no Outro a consumação da nossa identidade. O caso mais recente foi Timor, numa prova cabal de que o sangue lusitano fervilha pela igualdade e justiça seja em que ponto geográfico elas sejam infringidas.

Do meu ponto de vista, e pela proximidade, penso que é necessário que todos foquemos o caso do Saara Ocidental. Um território que se encontra na lista de descolonizações da ONU desde 1963 mas que se vê toldado por um colonialismo marroquino atroz desde 1975, que não se inibiu de invadir o país após a retirada da Espanha. Mesmo quando a Frente Polisário proclamou a República Árabe Saharaui Democrática em 1976 e foi reconhecida por inúmeros países, a situação só tendeu a piorar. Até 1991, a Frente Polisário combateu Marrocos, tendo cessado a luta armada com um acordo entre as duas forças sob a égide da ONU. A condição seria um referendo à independência do Saara Ocidental. Desde então a MINURSO (Missão da Onu para a Organização do Referendo) permanece no país e o sufrágio ainda não se realizou por adiamentos provocados pela potência colonizadora que se serve dos recursos naturais que não lhe pertencem por direito. Uma situação agravada pela repressão e desrespeito pelos direitos-humanos perpetrados sobre os saaráuis.

Na minha opinião, Portugal enquanto actual membro do Conselho de Segurança da ONU, deve assumir a sua existência e defender os povos que anseiam legitimamente pela sua autodeterminação. Nada mais é pedido ao povo de causas que somos. Portanto, se te revês nesta luta, vem cumprir o que escrevera Pessoa: «O bom portugués é várias pessoas».

Frederico Aleixo ( Coordenador JS Alcântara)

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