Nestas últimas semanas, temos assistido a uma das piores
crises políticas do pós-25 de Abril. Os culpados de tal situação são o
Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, o Primeiro-ministro Pedro Passos
Coelho, Paulo Portas, que à data da edição desate artigo não se sabe se é o Ex
Ministro de Estado e Negócios ou Ex hipotético vice-Primeiro Ministro. O motivo
dessa culpa é um governo de coligação CDS-PP PSD, em que não se conseguem
entender. Por um lado Passos, no seu autismo, não admite outra política se não
esta política de direita sobre a batuta da austeridade, que nada visa o bem dos
Portugueses, e Portas por outro, no seu registo habitual reflectindo bem o seu
eleitorado, tem a sua única preocupação a conquista do poder pelo poder, mais concretamente
a conquista de cargos políticos que adocem o seu ego.
E é esta a situação do país, uma situação que começou por ser
de bloqueio entre dois partidos de direita, que em vez de se concentrarem em
resolver o estado em que puseram o país, dedicam os seus esforços a fazer
politiquice, guerrinhas internas, para ver quem consegue ter mais poder.
Como o governo e o presidente não conseguiram inicialmente resolver
esta embrulhada, passaram a batata quente para o PS. Mas não nos podemos
esquecer como isto começou. Portas com a troca de Gaspar entrada por
Maria Luís Albuquerque para as finanças, fez mais um teatro típico do que já
nos habitou, o que bloqueou o sistema político, paralisou o país. Mas este
teatro não teve como objectivo de obrigar o PSD a mudar de políticas. O
verdadeiro objectivo foi tentar tomar o governo pela chantagem, com o objectivo
de o controlar e liderar a direita. Tudo isto culminou numa roda-viva de
entradas e saídas de cargos, a que o presidente não deu posse, e que foi
obrigado a fazer algo, para desbloquear o sistema.
O presidente da república, que
deveria ter o papel de regulador do normal funcionamento das instituições, e um
contra freio do sistema politico, tem como única preocupação o seu partido.
Apesar de Cavaco Silva ter passado um atestado de incompetência a este governo,
e ter tentado patrocinar um possível entendimento ou até governo de salvação
nacional com PSD, CDS e PS até Julho de 2014, data na qual se pensaria em
eleições antecipadas, tal atestado só ocorre depois da tentativa de tomada de controlo
do Governo por Paulo Portas. Uma vez que que o entendimento falhou, por
inflexibilidade do governo em reconhecer que era preciso mudar de politicas, o
Presidente decidiu que fica tudo como antes estava desta embrulhada. Ou seja,
perante o presidente não ter conseguido alienar a oposição, preferiu subverter
a democracia mantendo o seu governo sem legitimidade democrática, e quem até
dar o verdadeiro controlo do governo a um partido que representa 12% dos
portugueses. Isto diz-nos tudo sobre o carácter desta direita que nos lidera, e
o que a faz mover. Após dois anos destas políticas austeras de direita contra
os portugueses, que resultou em mais de um milhão de desempregados, com os
cortes nos salários e pensões, e que tanta miséria tem causado, o Presidente da
República só decide agir quando vê o seu partido e o seu governo ameaçado. Assim,
o mote da direita é primeiro o partido, depois os boys for the job, depois as
suas políticas. Os portugueses, para a direita, servem única e exclusivamente
para serem ludibriados no momento das eleições, como Passos Coelho e o Paulinho
das feiras tão bem fazem.
Perante este bloqueio do sistema, Cavaco Silva que ao mesmo
tempo foi um dos responsáveis pela demissão de Sócrates, pela vinda da troika,
e o patrono deste governo de direita e destas politicas, veio com o
descaramento de apelar ao sentido de estado do PS, para resolver esta embrulhada
que a direita criou. E o PS como António José Seguro defendeu e negociou, não
se tinha importado de resolver esta embrulhada, este bloqueio. Mas esse sentido
de estado, essa visão do País e as pessoas primeiro, não passa por grandes acordos
nem coligações, nem governos de salvação nacional. Passa por devolver a decisão
aos eleitores tal como o PS defendeu. Passa por eleições antecipadas, o mais
cedo possível, e acabar de vez com este governo que politicamente nada tem de
legitimo. Passa pelas pessoas decidirem o seu futuro, e decidirem se querem
estas políticas de austeridade. Esse sim é o verdadeiro desbloquear do sistema,
e a luta do Partido Socialista, uma vez que temos um Presidente da República só
de alguns portugueses, que coloca a sua militância cor de laranja à frente do
país. Pedir aos portugueses que esqueçam estas trapalhadas, que tudo fica como
antes, mandatando que os maiores discípulos do dogma da austeridade passem
agora a apostar no crescimento económico ainda consegue ser mais sem vergonha,
do que chamar o PS para um acordo. Tal posição do presidente é fazer dos
portugueses de parvos, ignorantes, de meros empecilhos que são chamados a votar
de quatro em quatro anos, naquele inconveniente para a direita que são as
eleições.
Com este governo e este Presidente, é urgente devolver a voz
aos portugueses, e acabar com um governo que acha que pode decidir tudo, mesmo
que as pessoas não concordem, tudo claro, segundo eles, em nome do superior interesse
do País, e com o alto patrocínio de sua excelência o Presidente da República, Aníbal
Cavaco Silva. Cabe assim ao PS liderar o país contra esta direita com vícios antidemocráticos,
e não como queriam, que o PS assinasse um cheque em branco, a este governo PSD/CDS
comandado por Cavaco Silva, e a estas políticas, que tanto apelam e defendem a salvação
nacional, mas que mais não é que a salvação de um governo moribundo que só defende
os grandes interesses económicos, em vez de defenderem e pensarem nos
portugueses.
João Gonçalo P. M. Pereira
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