_____________________________________________________________________________________________________

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Coreia do Norte. Que futuro?



A Guerra da Coreia teve início em 25 de Junho de 1950, tendo terminado 3 anos depois, em 27 de Julho de 1953. Foi o primeiro conflito pós 2ª Grande Guerra, sendo que os EUA, potência que apoiava a Coreia do Sul (capitalista), e a URSS, apoiante da Coreia do Norte (regime totalitário comunista), tiveram um confronto indirecto ao qual se veio a juntar o apoio massivo do regime maoista chinês.

Foi uma das guerras mais violentas desse período. As mortes estão estimadas em 4,5 milhões de pessoas, (mais umas centenas de milhares presas nos campos de concentração norte-coreanos, em condições desumanas), tendo o resultado se traduzido num empate, sem vencedores quer a Sul quer a Norte. Em 1953, o Tratado de Pan-munjom encerrou a desgastante Guerra da Coreia e restaurou os limites territoriais do paralelo 38 (que tinham sido delimitados após a libertação da Coreia do dominio japonês). Os EUA libertaram a parte sul e os soviéticos a parte norte, daí terem sido criadas duas Coreias, uma capitalista e outra comunista. Após o término deste conflito bélico, o regime Sul Coreano conseguiu criar com o apoio dos EUA uma das mais dinâmicas economias capitalistas do planeta , enquanto que o regime totalitário norte-coreano, direccionou grande parte dos seus recursos para fins bélicos.

O regime norte-coreano é tido como um dos regimes  mais fechados e totalitários do mundo, estando vigente um sistema unipartidário governado pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia  do Norte. Este adoptou uma ideologia que se chama Juche desenvolvida pelo seu líder Kim Il Sung, que é designada pelos Ocidentais como marxismo-leninismo-kimolsonguismo. Esta ideologia tem sido promovida na politica e na educação através de acções como o culto da personalidade e forte investimento no dispositivo militar.

Após o fim da Guerra Fria, a Coreia do Norte deixou de poder contar com o apoio soviétivo, o que levou ao colapso da débil economia norte-coreana  e se reflectiu durante a grande fome que varreu o país nos anos 90, ao ponto de carência alimentar  que levou a práticas de canibalismo no país e à morte de 3 milhões de pessoas. Contudo, contra todas as expectativas e teorias, o regime norte-coreano conseguiu sobreviver ao fim da guerra fria, à fome e ao colapso.

O país é também conhecido por manter activos diversos campos de concentração. Ouvem-se relatos arrepiantes e macabros sobre as condições e o tratamentos dos prisioneiros desde violações, torturas , infanticídio , execuções em massa, episódios de escravatura e uso de pessoas como cobaias para armas químicas. São cerca de 200 000 os prisioneiros que viveram nos campos de concentração até aos anos 90. Depois, devido a pressões internacionais, acabaram por fechar quatro dos dez que existiam anteriormente.

Convém referir que a rivalidade entre os dois territórios ainda subsiste. A Coreia do Norte  desde o fim da Guerra da Coreia tentou diversas vezes assassinar líderes politicos sul- coreanos através de atentados ou da infiltração de comandos em território sul-coreano. Todas estas tentativas foram fracassadas e levaram a uma enorme tensão entre os dois países. Desde então a Coreia do Norte tem mantido uma estratégia agressiva( que continuou após Kim Il Sung ter falecido e o seu filho Kim Jong Il lhe ter sucedido), de modo a poder autosustentar-se. Faz ameaças e até ataques provocadores ( alguns deles mortais) à Coreia do Sul, provocando calafrios e fazendo tremer toda a região com o medo de um conflito em larga escala. De modo a evitá-la, a Coreia do Sul fornece, em conjunto com os EUA, toneladas de alimentos, cobertores e combustível à Coreia do Norte.

A questão fundamental da Coreia do Norte não é se o regime irá cair , mas sim , quando e como irá colapsar e quais as consequências disso. O colpaso do regime norte-coreano não siginifca o colpso da Coreia do Norte mas de certo irá abrir caminho para uma possível unificação entre as duas Coreias.
Coloca-se agora a questão da sucessão norte-coreana. Após a morte de Kim Jong Il, a Coreia do Norte testou dois misseis e pôs o país em alerta máximo com o exército de prevenção. Uma acção preventiva perante a clara demonstração de força do novo líder. Como será a politica do sucessor de Kim Jong Il, Kim Jong Un? Num país onde as forças armadas exercem uma influência tremenda, conseguirá ele suster o regime? Aproximar-se-á da China ou mais do Ocidente? Continuará o desenvolvimento de armamento nuclear e manterá ameaças à Coreia do Sul? Veremos o que nos reserva a nova liderança.


Miguel Máximo

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Saara Ocidental - Informação




Já está disponível para download o nosso documento informativo sobre o contexto histórico da causa saarauí. Para acedê-lo basta clicar em:

Saara Ocidental - Informação

domingo, 4 de dezembro de 2011

Liberdade para o Saara Ocidental



Num contexto de dificuldade económica e temor pelo que o futuro nos reserva, qual Adamastor defronte de nós, eu arrisco em fazer das minhas palavras uma bússola para a caravela da portugalidade. Com efeito, enquanto vislumbramos comentadores e imprensa a ultrajar todo o património português em nome do nosso passado financeiro, eu relembro uma característica que autentifica o nosso país: a solidariedade. Aquela capacidade de ver no Outro a consumação da nossa identidade. O caso mais recente foi Timor, numa prova cabal de que o sangue lusitano fervilha pela igualdade e justiça seja em que ponto geográfico elas sejam infringidas.

Do meu ponto de vista, e pela proximidade, penso que é necessário que todos foquemos o caso do Saara Ocidental. Um território que se encontra na lista de descolonizações da ONU desde 1963 mas que se vê toldado por um colonialismo marroquino atroz desde 1975, que não se inibiu de invadir o país após a retirada da Espanha. Mesmo quando a Frente Polisário proclamou a República Árabe Saharaui Democrática em 1976 e foi reconhecida por inúmeros países, a situação só tendeu a piorar. Até 1991, a Frente Polisário combateu Marrocos, tendo cessado a luta armada com um acordo entre as duas forças sob a égide da ONU. A condição seria um referendo à independência do Saara Ocidental. Desde então a MINURSO (Missão da Onu para a Organização do Referendo) permanece no país e o sufrágio ainda não se realizou por adiamentos provocados pela potência colonizadora que se serve dos recursos naturais que não lhe pertencem por direito. Uma situação agravada pela repressão e desrespeito pelos direitos-humanos perpetrados sobre os saaráuis.

Na minha opinião, Portugal enquanto actual membro do Conselho de Segurança da ONU, deve assumir a sua existência e defender os povos que anseiam legitimamente pela sua autodeterminação. Nada mais é pedido ao povo de causas que somos. Portanto, se te revês nesta luta, vem cumprir o que escrevera Pessoa: «O bom portugués é várias pessoas».

Frederico Aleixo ( Coordenador JS Alcântara)

Também disponível em: