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sábado, 24 de julho de 2010

Da Crise e das ideologias*


Quando os autores presentes no Congresso de Milão de 1955 abordavam o crepúsculo das ideologias e, mais recentemente, Fukuyama acreditava no Fim da História, de certo que não previam uma reedição da Grande Depressão de 1929. Com efeito, nos anos que antecederam a presente crise até senhores como Ben Bernanke afirmavam que o ciclo económico estava controlado e as malfadadas agências de rating que tanto gostam de subestimar as contas públicas europeias davam luz verde a um subprime que se revelou ruinoso.

No entanto, o mercado financeiro e respectiva desregulação voltaram a toldar as nossas vidas, o que deveria representar uma segunda derrota do liberalismo económico selvagem depois da sua ressurreição após a crise petrolífera. Tal porém não aconteceu. Ao invés de laurear o modelo social que tanta protecção nos deu neste momento conturbado e de apostar numa maior regulação dos mercados financeiros, Bruxelas e o G20 apostam numa solução contra-cíclica de recuperação económica. O que estes senhores pedem é uma consolidação orçamental austera conciliada com a redução do papel do Estado na economia. Eu pergunto: fará algum sentido? A resposta vem em linguagem keynesiana que muitos sabem mas preferem ignorar. No momento acertado para estimular a procura agregada com base no investimento público dada a retracção do sector privado, ficamos sentados enquanto a mão invísivel nos faz cócegas, ou seja, nada.

O argumento é sempre o Euro. Não renego essa parte do problema mas coloco em dúvida a metodologia utilizada para alcançar o objectivo de contas públicas saudáveis que o fortaleçam e permitam o financiamento internacional dos Estados. O caminho imposto pela direita europeia até aqui consistiu em subida de impostos acrescida de redução de salários, acreditando que num futuro próximo os custos de trabalho reduzidos permitam a recuperação de empresas, o aumento da produtividade para posterior diminuição da fiscalidade. Eu tenho as minhas dúvidas de leigo em relação a esta questão. Não só não acredito no aumento da produtividade como não entendo a estratégia europeia de comércio internacional, dado que a nossa competitivade não passa pela precariedade dos trabalhadores mas sim pelo cluster tecnológico, pela inovação e qualificação, razão mais que suficiente para ter uma política de educação socialista e tendencialmente gratuita tal como se apresenta constitucionalmente. Como diria Pervenche Beres da Comissão de Emprego do Parlamento Europeu: Não somos a China e o modelo social chinês também chegará. As greves aliás já começaram.

Face ao exposto, resta-me dizer que o meu fervor ideológico nunca esteve tão aceso. Ontem vibrei com aquele que provavelmente foi o discurso mais envolvente e doutrinário do secretário-geral socialista. Este aliado à referência de Pedro Silva Pereira às raízes do socialismo democrático e da social-democracia (sentido ideológico do termo) recordaram-me a importância de figuras como Bernstein e relembraram-me que as ideologias vieram para ficar e as mundivivências moldam a nossa visão do mundo. Um mundo que espero mais justo daqui em diante. Afinal, enquanto houver ideologia existe esperança.


Frederico Aleixo, membro do secretariado da JS Alcântara

*Este texto encontra-se igualmente disponível no espaço notas do facebook da FAL-ONESES

segunda-feira, 12 de julho de 2010

XVII Congresso da Juventude Socialista - Moção da JS Alcântara, JS Ajuda e JS Lisboa

Nos passados dias 16,17 e 18 de Junho decorreu o XVII Congresso da Juventude Socialista, um evento de extrema relevância onde foram votadas matérias tão importantes da sua estrutura como a votação de alterações estatutárias, a moção global de estratégia e os novos órgãos nacionais.

O balanço, esse não podia ser mais positivo. A concelhia de Lisboa voltou a acolher esta reunião magna 34 anos depois, sendo de destacar o excelente trabalho da Comissão Organizadora à qual pertencia o coordenador do PS Alcântara Davide Amado enquanto vogal, e o excelente contributo das camaradas Marta Lourenço e Juliana Pereira em toda a preparação e logística do Congresso. De destacar ainda a presença dos camaradas Joel Galvão (JS Ajuda) e Diogo Amaral (JS Alcântara) que se apresentaram como delegados, tendo este último sido eleito para a Comissão Nacional.

Com Pedro Alves como novo Secretário-Geral e a sua nova equipa esperamos que o mandato seja tão bom ou melhor que o anterior, sendo que a JS Zona Ocidental envia votos de um trabalho frutífero em prol da juventude portuguesa. O legado de Duarte Cordeiro é valioso mas acreditamos que estarão à altura do desafio.

Para terminar, é de realçar a apresentação por parte dos núcleos da Ajuda e de Alcântara de uma moção sectorial para discussão referente à temática dos direitos dos animais. Para efectuar a respectiva consulta basta lê-la na caixa de texto presente em baixo.