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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mais um mandato para Alberto João Jardim



Estava um dia soalheiro, temperatura máxima 28º nem parecia que estávamos em pleno Outubro, época em que o vestuário já é mais contido e avolumado, e o numero de banhistas é reduzido em comparação com o mês de Agosto. Mas este ano as coisas parecem ter invertido. Na esplanada aonde me encontrava esta tarde, vi famílias a saborearem gelados cujos sabores mais requisitados eram de banana, baunilha e chocolate, homens já com uma certa idade a discutirem noticias que viam nos jornais “A Bola”, e um grupo de adolescentes a comentarem a saída de um concorrente na Casa dos Segredos no dia anterior.


Passado um bocado os homens de certa idade, penso eu sejam reformados ou prestes a reformarem-se, mencionaram o caso Madeira e o facto de Alberto João Jardim e o seu partido PSD Madeira ter ganho pela 10ª vez consecutiva. De facto de todos os assuntos enfadonhos que se ouviam naquela esplanada com uma bela vista ao mar, este assunto era sem dúvida o mais interessante. Desde o dia em que a divida da Região Autónoma da Madeira foi exposta ao público, não há debates políticos, conversas de café ou mesmo entre estudantes especialmente do Ensino Superior, que não se comente o estado das contas Públicas da Madeira.                                                                          

Ao longo destes dias pude constatar que no seio da nossa sociedade existem dois tipos de indivíduos nesta situação – os cépticos e os ignorantes. No grupo dos cépticos também partilham da mesma opinião os “atentos”, ambos convergem para a mesma opinião porque sabem que vão ter que pagar mais impostos (como todos sabem a R.A da Madeira também é património português e não estrangeiro) a carga fiscal será mais dolorosa, tudo isto é fruto das manigâncias do Presidente Alberto João Jardim. No grupo dos ignorantes também fazem parte os desatentos, porque além de não acreditarem na “asfixia” financeira que vão sofrer consequência das irracionalidades do Presidente madeirense, ainda têm fé que este mesmo homem irá sanear as contas públicas do arquipélago e pagar os devedores (construtoras, bancos, seguradoras) sem ter que mexer nos seus salários. Durante a campanha, para as eleições legislativas a onda de insatisfação por parte do povo madeirense subiu em relação aos anos anteriores, foi notório na Comunicação Social as pessoas mais desinibidas a admitirem que se encontravam saturadas com o partido vigente (PSD-Madeira) e optarem na escolha de outras cores partidárias. Por breves instantes naquela altura cheguei a pensar que no mínimo o Presidente Alberto João Jardim fosse perder a maioria absoluta e teria que partilhar o seu governo em comum com os seus opositores mais directos o Partido Socialista da Madeira (encabeçado pelo Maximiano Rodrigues) ou o CDS-PP (encabeçado pelo José Manuel Rodrigues), contudo o meu idealismo político desfez-se para uma realidade crua e nua o PSD-Madeira, ganhou as eleições apesar ter perdido quase 16 pontos percentuais, em 2007 tinha ganho por 64% e este ano ganhou com 48% dos votos.

Apesar de estar no poder há mais de 30 anos, muitos questionam-se se será legal a sua permanência na Presidência, nos países tidos como “Ocidentais” ou “Democráticos” um Chefe de Estado ou Chefe do Governo não pode cumprir mais de dois mandatos consecutivos, ou seja o Presidente Alberto João Jardim deveria cessar as suas funções de Presidente e dar oportunidade a outros políticos madeirenses que estivessem interessados em assumir este cargo. A R.A da Madeira é um caso exclusivo dos países Ocidentais em que o Presidente é reeleito em dez mandatos consecutivos. Uma coisa é certa a R.A da Madeira não está a violar os trâmites da sua Constituição. Artigo 7º-Representação da Região (1- No âmbito das competências dos órgãos de governo próprio, a execução de actos legislativos no território e Região é assegurado pelo Governo Regional). E aproveito para transcrever o Artigo 6º da República Portuguesa (2- Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões autónomas dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de governo próprio). Ao longo dos anos o PSD-Madeira apropriou-se e emaranhou-se com o sistema autonómico, ratificando leis que os permitissem na liderança. Segundo um deputado madeirense, o líder do PSD-M “é um ditador disfarçado de democrata”.

As imagens de marca do Arquipélago da Madeira são a sua beleza contagiante e o seu carismático Presidente, um homem anafado, extrovertido e que possui um espírito muito jovial e festivo. Segundo alguns analistas, o povo madeirense têm um sentimento de divida para com o seu Presidente, o PSD-M é o construtor infra-estrutural da Madeira e também o agente que fomentou a identidade regional. Seria errado da minha parte se não referisse que este homem fez construções megalómanas que criaram milhares de postos de trabalhos, a R.A Madeira deixou de ser uma zona desertificada e rural passou a ser uma área urbanizada e desenvolvida um dos pontos turísticos mais requisitados no sul da Europa. Para os milhares de madeirenses este homem é a pessoa indicada para a Presidência. É certo que o buraco orçamental de 6,3 mil milhões de euros, marcou acentuadamente a sua campanha, as perdas eleitorais obviamente que se fizeram sentir não só devido ao desvio nas contas públicas madeirenses, mas também pelo seu governo servir as clientelas partidárias, um regime “tentacular “em que só beneficiam os indivíduos que ostentam a “insígnia” do Partido Social Democrata da Madeira e apesar de ter sido criticado vezes sem conta pelos seus opositores e mesmo pelos políticos do seu partido inclusive o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, nada disto foi suficiente para o derrubar. «O meu partido é a Madeira, não contem comigo para outras fidelidades partidocráticas» cit. Alberto João Jardim

Certamente que o dia 9 de Outubro de 2011 será histórico para uns e será mau recordado para outros. Como vencedores temos os partidos de direita, o PSD-M e o CDS-PP que ficou com 17,63% dos votos, tirou o PS do pódio como segundo partido de eleição para os Madeirenses. Segundo os politólogos a sociedade portuguesa sofre do “Síndrome Sócrates”, mesmo o PS ter feito algumas mudanças no seu “staff “político, ainda existe o sentimento de intolerância para com o Partido Socialista. A percentagem na abstenção também foi a maior desde a 1ª eleição no ano de 1976, o total de abstinência foi de 42, 55 %. Os madeirenses votaram nos candidatos que lhes pareceram estar em melhores condições para defenderem os seus interesses. E penalizaram os partidos de esquerda, ao distribuírem os seus votos nos partidos irrelevantes tais como o PTP do irreverente José Manuel Coelho. Remeto a uma questão, irá o Presidente Alberto João Jardim cumprir o seu mandato até ao fim mesmo sabendo que este homem é o responsável pelo descalabro madeirense?


Edvandro Cravid